Acari zebra, zebra Pleco, ou simplesmente... zebra.
Apesar dos primeiros exemplares terem sido coletados no final dos anos 80,
somente em 1991 ele foi cientificamente descrito, recebendo seu verdadeiro
nome: Hypancistrus zebra. Originários do Rio Xingu, na Amazônia, foram
imediatamente exportados para o mercado americano e europeu onde cada
exemplar chegava a atingir a quantia astronômica de 200 dólares ... no
atacado! Apesar dos altos preços, eram disputados ferozmente pelos
aquaristas e criadores na expectativa de ver seus investimentos iniciais
multiplicados, numa verdadeira "corrida do ouro" aquarística.
Infelizmente nem tudo saiu como imaginavam, pois os"astros" do
momento recusavam-se a se comportar como o esperado, não só se negando a
reproduzir, como, muito pior, apresentavam altos índices de mortalidade. Em
nosso país, a historia também não foi muito diferente, com tentativas,
decepções, e muitas, muitas reclamações, já que tudo o que valia para
os tradicionais "cascudos" , nossos antigos conhecidos, parecia não
valer para os zebras, o que, como veremos adiante, tem um fundo de verdade.
Passada a euforia inicial, hoje em dia já temos
informação suficiente para mantermos estes lindos peixes em boas condições
em nossos aquários se estivermos dispostos a levar em consideração alguns
fatores básicos, tais como:
1 - Espaço:
Apesar de raramente atingirem
mais do que 10 cm de comprimento, não são indicados para habitarem
pequenos aquários, principalmente se tencionamos mantê-los em grupo, pois
são peixes bastante territoriais com os de sua própria espécie. O
substrato utilizado poderá ser cascalho de rio de granulação média, sem
traços de material calcáreo. Uma grande surpresa é o fato destes animais
não serem grandes apreciadores de troncos submersos como os outros
componentes da família Loricaridae, mas sim de grande número de rochas
formando cavernas . Este fator, aliás, foi um dos grandes erros nas
tentativas de desova destes peixes.
2 - Qualidade da água:
Não são
exageradamente delicados como se pensava,mas ainda assim são exigentes no
que diz respeito principalmente à oxigenação da água, que deve ser a
maior possível, de preferência utilizando-se bombas submersas adicionais a
fim de criar forte movimentação, simulando seu habitat natural. O sistema
de filtração poderá ser qualquer um , desde que eficiente, e seja capaz
de manter os compostos nitrogenados ( amônia, nitratos e nitritos ) em níveis
mínimos, em parceria com trocas semanais de água da ordem de 20 %.
Costumam apreciar índices de pH neutros ou levemente ácidos, temperatura
entre 26 e 28º C e baixa concentração de sais dissolvidos, sem que
precisemos lançar mão de água deionizada ou filtros de osmose reversa.
Trocas de águas periódicas serão suficientes. Quanto ao mito da "água
negra",ou seja, água com forte presença de pigmentos vegetais que a
tornam escura, conhecida comercialmente como "black water extract",
muito utilizada para ciclídeos e caracídeos amazônicos, podemos esquecer.
Quanto mais pura e cristalinapudermos manter a água, em melhores condições
estarão nossos hóspedes.
>3 - Alimentação:
Do contrário do que
se pensava, não são vegetarianos convictos como seus parentes mais próximos,
raramente sendo vistos consumindo algas ou plantas aquáticas. Devemos
ministrar alimentação variada, balanceando alimentos de origem animal tais
como fígado, tubifex, bloodworms,etc e rações comerciais de origem
vegetal, já que dificilmente aceitarão vegetais frescos em sua dieta.
4 - Companhia:
Se você sonha com um zebra
como uma aquisição a mais no seu aquário de cascudos, esqueça. Na presença
de outras espécies de hábitos semelhantes, tendem a tornar-se tímidos,
terminando por perecerem de inanição. Um aquário exclusivo seria a perfeição,
porém costumam conviver bem com peixes pacíficos e de pequeno porte. Como
regra geral, peixes de fundo apenas os zebra...
Como se pode ver, não há mistério na manutenção
destes peixes, mas... e a reprodução? Apesar de existirem registros
isolados, ainda não é realizada comercialmente, não havendo consenso
sobre um padrão ideal para se consegui-la. Alguns se reportam a excelência
de qualidade de água com trocas de 10% diárias em conjunto com as mais
modernas técnicas de purificação, enquanto outros relatam desovas
ocorridas em águas de pH alcalino e fortemente mineralizadas. Outros ainda,
descrevem desovas ocorridas em aquários comunitários totalmente ao acaso,
e sem qualquer cuidado especial, inclusive na alimentação da prole.
Contradições à parte, é consenso que teremos
maior chance de sucesso com aquários de maiores dimensões, mantendo grupos
de seis ou mais indivíduos. Sabe-se também que a postura não é numerosa,
nascendo de 10 a 20 alevinos por vez. Alguns autores alegam haver diferenciação
externa dos sexos dos adultos, apesar de um tanto sutil. Ao serem observados
por cima, os machos apresentariam nadadeiras peitorais ligeiramente maiores
do que a das fêmeas, além de pequenas diferenças no formato da cabeça.
Ainda assim, o modo mais preciso de identificação, é a observação da
formação de casais dentro do grupo. Para finalizar, uma dica importante:
Ao adquirir um novo exemplar, SEMPRE deixe-o em rigorosa quarentena antes de
introduzi-lo no aquário comunitário, pois os zebra têm a má fama de
serem veículos de microorganismos patogênicos ainda pouco conhecidos no
hobby, e, assim sendo, todo cuidado é pouco, pois mais vale prevenir do que
termos que remediar estas imprevisíveis "zebras" aquarísticas