Um dos maiores problemas para levar a cabo a reprodução de muitas espécies de peixes é a alimentação dos alevinos, já que são estes os que requerem uma alimentação muito melhor, e o uso de alimento vivo diminui em grande parte este problema.
Um dos principais cultivos de alimento vivo que se deve dominar, já que pode ser a base do êxito na alimentação das crias, é a do Paramécio, o qual pode ser utilizado diretamente para alimentar peixes recém nascidos ou como base de uma cadeia alimentar para o cultivo de outras espécies de alimento vivo, como a Daphnia ou pulga d'água.
Levando-se isto em conta, a seguir apresentaremos uma forma fácil e barata de obter, cultivar e manter estes infusórios.
Os Paramécios ou infusórios pertencem a um grupo de protozoários ciliados e são organismos de corpo translúcido, achatados, e alcançam um tamanho de 200 micra, ou seja, 2 décimos de milímetro. Se reproduzem rapidamente por bipartição.
Com um pequeno microscópio pode-se observar como uma pequena célula de forma elipsoidal com uma boca na zona mais larga. Sua membrana está recoberta de cílios que servem para movimentar-se. Em sua estrutura celular podem ser vistos os vacúolos (alimentares, contráteis e excretores), o núcleo, o campo bucal, o tubo digestivo e a própria boca celular e os pequenos cílios.
O Paramécio habita principalmente as águas estagnadas ou semi estancadas em especial se servem de bebedouro de animais. Basta recolher a água ao redor de qualquer material em decomposição, tanto de origem vegetal como animal. Zonas de charco com detritos ou similar, e coloca-se em um frasco transparente. Se ao observar-se contra luz pequenos pontos deslizando em todo o frasco é muito provável que estes sejam Paramécios.
Quando os Paramécios se encontram em condições adversas, por exemplo sem água, começam a se recobrir de uma capa protetora, formando quistos que os mantém durante vários anos vivos em estado de letargia. Quando os quistos se molham, dissolve-se a capa protetora libertando o Paramécio em melhores condições ambientais.
Por esse motivo, se não podemos coletá-los do meio natural, podemos originar seu cultivo a base de folhas de alface, dentro de um frasco com um pouco de água. O arroz sem descascar (integral) é outra boa fonte de Paramécios. Este processo é muito mais lento, porém já se obtém alguns Paramécios em uma semana mais ou menos.
Usaremos 3 jarros de cristal de uns 2 litros de capacidade e um aerador. Encheremos 2 frascos com água da torneira e 15 gramas de folha de alface fresca triturada. Transcorridas 24 horas de repouso, acrescentaremos os Paramécios e ligaremos o aerador, deixando o frasco em local iluminado. Depois de 4 dias a uma temperatura de 24 a 26º C, a alface terá se dissolvido em sua maior parte e se observam contra luz nuvens formadas por milhares de Paramécios. Estes devem ser usados nos próximos 2 dias devido ao fato de que nesse tempo a cultura alcança seu máximo crescimento populacional, e isto ocasiona que atuem fatores limitantes e a população tende a diminuir, por isso se queremos ter um cultivo contínuo devemos seguir as instruções a seguir, porém de forma cíclica e como mostra o diagrama:
Existe outro método mais fácil, porém com menor produção. Em um frasco de uns 4 litros colocamos um aerador para que mova a água e não se produza mal cheiro. Acrescentamos um pedaço de esterco seco, umas gotas de leite e alguns flocos de alimento dos peixes. Colocamos o frasco em local iluminado e acrescentamos os Paramécios.
Há finalmente outro método. Consiste em depositar Riccia, uma planta flutuante em forma de finos talos verdes no aquário. Tem a virtude de criar infusórios além de servir de refúgio para os alevinos (o aguapé também serve). Somente teremos de acrescentar os primeiros Paramécios e acrescentar em cima dela algumas gotas de leite de vez em quando. Os Paramécios crescerão e se multiplicarão no meio da planta.
Recolhe-se os infusórios daquelas zonas onde aparecem maiores quantidades e se colocam diante dos alevinos usando um conta gotas.